Verdade. Pense em si: consegue viver esta verdade, senti-la? Ou apenas consegue pensá-la, sabê-la? O que falta para esta verdade ser vivida, além de pensada?
Desenvolver a capacidade de esperar, de ver desenrolar. De permitir adquirir. De aguentar o tempo que passa. De nutrir calma e curiosidade pelo devir. De superar a tensão de angústia e ansiedade que o futuro próximo nos causa. De não ter as respostas todas. De esperar, mais uma vez, por estas respostas. Penso que a palavra-chave, aqui, é a curiosidade.
Ela é a outra face da moeda. A face que, normalmente, temos virada para cima é a face da incerteza. De olhar para o futuro sem saber o que ele nos reserva. Se vamos conseguir ou não. Se os passos que estamos a dar agora, hoje, estão a conduzir-nos bem para a meta que idealizamos. Se virarmos a moeda, a outra face é a da curiosidade. De olhar para o futuro com a surpresa de saber o que ele nos reserva. Como vamos conseguir e o que vamos conseguir. Onde é que os passos que estamos a dar agora, hoje, nos estão a conduzir, que viagem nos estão a preparar até à meta que idealizamos.
Transformemos o nosso olhar. Estimulemos a curiosidade. Só assim conseguimos desfrutar do que estamos a descobrir. Só assim conseguimos desviar-nos da avidez de querermos tudo “já”, saber tudo “já”, conhecer tudo “já”, viajar tudo “já”, chegar à meta “já”. Só assim conseguimos desfrutar do caminho “até lá” e sentir (além de pensar) que:
Devagar estamos a ir ao longe.
Sofia Leite
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